Funcionários contam como foi retornar ao trabalho presencial após meses longe da PUC-SP

Relatos mostram as diferentes sensações de quem entrou no campus Monte Alegre pela primeira vez desde o início da quarentena imposta pela pandemia

por Mara Fagundes | 15/09/2021

Alívio, alegria, ansiedade, tristeza, esperança….são muitos os sentimentos impostos pela pandemia da Covid-19 para quem, aos poucos, retorna ao trabalho presencial. Se por um lado a volta ao ambiente profissional e o encontro com os colegas parecem deixar este capítulo para trás, encontrar a mesa de trabalho exatamente como estava no início do home office, o silêncio nos corredores e as lembranças de quem perdeu a vida para a doença tornam a retomada um pouco mais difícil do que se gostaria.

O JPUC ouviu funcionários do campus Monte Alegre para saber como foi voltar à PUC-SP após tantos meses de quarentena e se deparar com um cenário que, de forma ainda muito cuidadosa, começa a voltar ao normal.

 

"Chegou o dia de voltar ao trabalho presencial. Quanto tempo estive fora desse lugar tão querido…. Refiz o caminho habitual que há muitos meses não fazia e ao chegar à PUC-SP, ao nosso setor, a minha impressão é que tínhamos feito uma viagem longa e que estávamos retornando para casa, depois de muito tempo. Nesse primeiro dia, abrimos janelas para entrada de ar e foi interessante apropriar-se de calendários antigos sobre as nossas mesas, como se o tempo tivesse parado no ano de 2020. Além disso, informativos antigos e já sem sentido faziam parte do ambiente. Convites para eventos, reuniões, enfim, material do passado. As nossas plantas sucumbiram ao tempo. Mas, fomos iluminados por árvores lindas que floresceram durante esse tempo.  Nosso retorno tem sido de muita alegria e ver nossos colegas pessoalmente, não apenas por redes sociais ou encontros remotos, tem sido muito bom. Aos poucos, a vida vai tomando seu lugar, seu rumo. E a gente, vai se encaixando novamente".

Regina Villani  -  Supervisora Acadêmica da FEA  - retornou ao trabalho em setembro/2021

 

"Quando voltei ao trabalho pela primeira vez, realmente me senti um pouco triste, pois as ruas estavam desertas, a PUC-SP vazia, o sentimento era este mesmo, de tristeza e incertezas. Hoje, com o retorno dos funcionários, me senti feliz e com esperança de dias melhores. Foi muito bom reencontrá-los e saber que estão bem e saber que a PUC-SP vai retomando aos poucos e com os cuidados necessários. Acredito que tudo vai dar certo".

Maria Nazaré da Silva - Recepcionista - retornou ao trabalho em junho/2020

 

 

 

"Foi muito estranho voltar a Perdizes um ano e cinco meses depois e ver lugares fechados, outros novos abertos e o silêncio ensurdecedor no quarteirão da PUC-SP. Parecia um domingo de manhã quando eu cheguei à porta da universidade. Claro que eu esqueci a chave do setor e a minha carteira quando saía de casa, estava meio perdido e ansioso. Parecia o primeiro dia em um emprego novo. Quando entrei no setor e vi minha mesa do jeito que eu deixei em março de 2020, me senti naqueles filmes em que houve alguma tragédia e tudo foi abandonado às pressas. O calendário de mesa ainda estava em março, minha suculenta secou e morreu e alguns doces que eu guardava em minha gaveta estavam vencidos há mais de um ano. Foi como voltar ao passado sozinho. Algumas idas à PUC-SP e já estou me acostumando com o novo “normal”, mas ainda é uma sensação de trabalhar no domingo com a universidade tão vazia e silenciosa".

Caio Martins Locci - Analista de Eventos Júnior - retornou ao trabalho em setembro/2021

 

"Deixamos o campus com a expectativa que seria por um breve período. Que guardaríamos nossas coisas para voltar depois de um mês ou dois. Acredito que ninguém imaginou que ficaríamos tanto tempo longe. Retornar e ainda ver as rampas e salas vazias me dá uma sensação estranha, mesmo sabendo que a PUC-SP não parou nesse tempo todo. Por outro lado, quando vejo rostos conhecidos, o telefone tocando, o movimento recomeçando, sinto que a vida vai pouco a pouco retornando na Universidade".

Joice Tremonti Martins  - Assistente Administrativo - retornou ao trabalho em setembro/2021

 

 

"Em meados de março de 2020, a comunidade universitária da PUC-SP foi surpreendida com a notícia de migração do trabalho presencial para o trabalho no formato remoto. Em agosto deste ano, a Assessoria Jurídica da Reitoria, em cumprimento às diretrizes institucionais, tem cumprido jornada de quatro horas, duas vezes por semana. Ainda que se trate de jornada curta de trabalho presencial, é curioso como vários aspectos se evidenciam tão importantes e que eram tão corriqueiros e passavam despercebidos. Depois desses quase dezoito meses de trabalho remoto, estar presente fisicamente na PUC-SP, ainda que sem a presença dos estudantes, e encontrar colegas de trabalho e tratar de expedientes de rotina com o devido respeito aos protocolos sanitários, se revela uma forma de trabalho tão eficaz quanto a do trabalho remoto, mas permeada pelo “contato” humano, que inegavelmente, traz benefícios à saúde do trabalhador, desde que garantido um ambiente de trabalho adequado e saudável. Trata-se de uma vitória, ainda que sejam inevitáveis os sentimentos de tristeza pelo falecimento de colegas e amigos da comunidade universitária e de indignação pela negligência das autoridades públicas que não deram a devida importância na implementação da vacinação em massa de forma imediata. No meu caso específico, nesses primeiros dias, me deparei com algumas experiências cotidianas que já não me recordava, como o simples atendimento telefônico em ramal interno do setor. Ainda que muitas experiências da rotina de trabalho no formato remoto tenham se incorporado à rotina presencial, no caso da Assessoria Jurídica da Reitoria, entendo que muitos aspectos são insubstituíveis. Agora nos resta o desafio de incorporar todas as “ferramentas tecnológicas” que se demonstraram eficazes à rotina de trabalho presencial".

Fábio Nunes de Lima - Assessor Jurídico da Reitoria - retornou ao trabalho em agosto/2021

 

"Na Faficla, começamos a voltar em sistema de rodízio a partir de setembro de 2021. O sentimento é de alegria em rever alguns amigos e saber que logo estaremos todos juntos novamente e ao mesmo tempo sinto uma tristeza em ver o Pátio da Cruz vazio e nos corredores aquele silêncio interminável. Quando entrei na secretaria, a primeira coisa que vi foi o bilhete que coloquei na tela do computador pedindo para que desligasse o equipamento da tomada,  com data de 23/3/2020".

Kátia Cristina Sarkisian - Assistente Administrativo II - retornou ao trabalho em setembro/ 2021

 

 

 

“A sensação que eu tive é muito estranha e curiosa. Sabe quando as pessoas voltam para casa depois de um terremoto, um tsunami, algum grande desastre, igual vemos em filmes, e parece que o tempo parou, porque a pessoa teve que abandonar a casa às pressas? A primeira coisa que eu olhei quando entrei na minha sala foi o calendário na mesa, em março de 2020. Parece que o tempo parou e que a partir de agora é que passará a correr, e se Deus quiser que corra mesmo! Mas é muito bom estar de volta, ouvir os passarinhos cantando, o sol na janela, encontrar outros colegas. Que a gente possa mesmo voltar ao nosso trabalho normalmente num futuro próximo e que tudo fique para trás, essa pandemia seja controlada e possamos estar todos juntos novamente na PUC-SP".

Claudio Junqueira - coordenador da Assessoria de Comunicação Institucional - retornou ao trabalho em setembro/2021

 

"A primeira coisa que eu percebi quando entrei na minha sala, aliás na PUC-SP, quando eu entrei no prédio, foi o silêncio absoluto, um silêncio ensurdecedor, que me fazia colocar o pé bem no chão e perceber que algo realmente muito grave estava acontecendo, porque a PUC-SP estava sem vida. A vida da PUC-SP pra mim é o barulho, é aluno pra lá e pra cá, é a nossa correria do dia a dia, é o riso fácil com professores, alunos, com os funcionários, é a nossa troca de energia diária. E isso me deixou meio atordoada. Quando eu entrei na minha sala, algumas coisas me chamaram muito a atenção. A primeira foi quando eu vi meu bebedouro envolvido com um saco plástico preto e a impressão que eu tive é a de que eu estava dentro de um filme, que você entra numa casa que está fechada há anos e está tudo empoeirado, mas está tudo coberto. Daí eu olhei pra lousa e eu sempre coloquei os aniversariantes e lá estava escrito "aniversariantes de março de 2020". Ali eu engoli o choro, pensei meu Deus, tem um ano e meio que eu não entro nessa sala. Também na minha mesa, o calendário estava aberto em março de 2020 e o de 2021 nem existia. Isso foi outro baque, que sentimento estranho, era um sentimento muito bom de estar de novo dentro da PUC-SP, uma emoção de estar ali, ao mesmo tempo fiquei desolada com aquele silêncio. Quando os poucos funcionários foram saindo, fecharam a porta, ficou tudo meio que escuro, e sem vida ali dentro, pra mim foi bastante chocante e perceber que algo de muito grave ainda está acontecendo. No dia da missa do aniversário da PUC-SP, vendo fotos postadas por uma professora nas redes sociais, quando eu bati o olho em uma das imagens do Pátio da Cruz, o ângulo da foto me levava justamente pra dentro da minha sala, eu não esperava que a minha reação fosse essa, mas eu tive taquicardia e eu fiquei muito emocionada, mais uma vez parecia coisa de filme, me transportei pra dentro da minha sala, com todo movimento que tinha, com os professores e alunos lá dentro, com todo barulho do dia a dia, e eu me peguei chorando de emoção quando me vi dentro da PUC-SP por uma fotografia".

Rosemary Ferrari - Secretária da Coordenação dos Créditos Teólogicos - retornou ao trabalho em setembro/2021

 

"Trabalho na Faculdade de Direito há 46 anos, mas a sensação que eu tive é a de que eu nunca tinha saído da PUC-SP, que não fazia todo este tempo que eu não ia à Universidade. Senti a falta das pessoas andando nos corredores, mas de resto foi muito bom ter voltado, porém senti mesmo como se não tivesse ficado tanto tempo distante".

Aparecida Conceição Betcher Martínez (Cidinha) - Assistente Administrativo II -  retornou ao trabalho em setembro/2021 

 

 

"Depois de tanto tempo, além da emoção parecia que estava entrando numa nave espacial! Senti emoção e ao mesmo tristeza por encontrar a PUC-SP vazia, sem os alunos, professores e funcionários que dão vida para a instituição. Pensar que tudo está passando dá um alívio muito grande, acreditar sempre que tudo dará certo! Eu amo a PUC-SP!".

Maria de Lourdes Refulia Lago - Analista Acadêmico -  retornou ao trabalho em setembro/2021

 

 

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