Inovação em biomateriais e liberação controlada de medicamentos

por Redação | 06/06/2022

Por: Profa. Priscila Randazzo de Moura, graduada em Farmácia e Bioquímica. Tem mestrado, doutorado e pós-doutorado em Farmacologia. Docente do curso de Medicina e do mestrado em Biomateriais e Medicina Regenerativa da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP, campus Sorocaba.

Os biomateriais são dispositivos empregados desde a Antiguidade, quando se usava ouro, prata ou madeira para corrigir a perda de um tecido ou membro.

Hoje, esses biomateriais são de origem natural ou sintética. Podem ser metálicos (como as ligas de titânio), cerâmicos (como a hidroxiapatita de cálcio), plásticos (também conhecidos como polímeros), impregnados ou não com células humanas, e podem ser introduzidos no organismo humano ou animal, com o propósito de tratar, reparar, regenerar ou substituir algum tecido ou membro, promovendo a retomada das funções normais.

São inúmeros os exemplos de biomateriais usados na medicina. Os mais conhecidos são as lentes de contato, fios de sutura, stents, próteses, implantes dentários, curativos dérmicos, dispositivos intrauterinos, placas, grampos e parafusos ortopédicos, entre outros.

Também é possível incorporar fármacos (medicamentos) a estes biomateriais, com ações complementares e promissoras no tratamento das doenças.

Hoje, são muitas as pesquisas científicas com fármacos associados aos mais diferentes biomateriais. Estes liberam o princípio ativo de maneira controlada e prolongada no tecido lesado, proporcionando menos inflamação e processo infeccioso e/ou estimulando o crescimento do tecido sadio.

São grandes os avanços nessa área da ciência, com liberação modificada de fármacos associados aos biomateriais, que têm buscado desenvolver próteses de joelho e quadril com a incorporação de antibióticos para prevenir osteomielite – processo infeccioso tão temível nessas cirurgias.

Há projetos com quimioterápicos (medicamentos para o tratamento de câncer) associados a polímeros, em partículas minúsculas (nanopartículas), direcionados exclusivamente para as células tumorais, garantindo menos efeitos deletérios para as células sadias e maior potencial terapêutico.

Também há pesquisas com anti-inflamatórios e antibióticos associados em fios de sutura, minimizando alergias, processos inflamatórios exuberantes, queloides e cicatrizes hipertróficas.

Temos produtos inovadores em desenvolvimento para serem utilizados em curativos dérmicos para o tratamento de queimaduras e lesões cutâneas profundas e superficiais.

Tem crescido, cada vez mais, o interesse da indústria farmacêutica em descobrir e desenvolver fármacos incorporados a polímeros (plásticos biocompatíveis com o organismo humano) na forma de nanopartículas (nanocápsulas ou nanoesferas) no sistema de liberação modificada. Isso reduz o número de vezes da tomada da medicação, diminuindo os efeitos colaterais, aumentando a potência e eficácia terapêuticas e a adesão ao tratamento por parte do paciente, além de reduzir significativamente o impacto para o Sistema de Saúde.

Diante disso, muitas Universidades conceituadas têm se preocupado e investido na área de Biomateriais, como é o caso da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP, no campus Sorocaba. Seu Laboratório de Biomateriais é um dos mais completos e bem-equipados do Brasil, contando com pesquisadores cientificamente qualificados e engajados.

O Laboratório de Biomateriais serve de base para o novo Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Biomateriais e Medicina Regenerativa, com uma das linhas de pesquisa em Liberação Modificada de Fármacos equipada para testes laboratoriais, pré-clínicos e clínicos, alcançando a medicina translacional (transferência de resultados da pesquisa básica à aplicação clínica), com o objetivo de melhorar a qualidade de vida das pessoas.

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