Jornal da PUC-SP

Por: profa. Juliana Schulze Burti, docente e vice-coordenadora de Fisioterapia, em parceria com todos os alunos do terceiro ano do curso

Projeto Movimenta PUC

No primeiro semestre de 2021, os alunos do terceiro ano do curso de Fisioterapia da PUC-SP escolheram a disciplina eletiva “Saúde e Estilo de Vida” para cursarem dentre as oferecidas pelo curso. A disciplina é ministrada pela profa. Dra. Juliana Schulze Burti, que a criou motivada após finalizar uma pós-graduação em Medicina do Estilo de Vida pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein. A Medicina do Estilo de Vida se baseia em seis pilares para a promoção de saúde: 1) alimentação saudável; 2) atividade física regular; 3) sono adequado; 4) controle do uso de substâncias tóxicas (álcool e tabaco); 5) conexões pessoais e 6) manejo do estresse. A disciplina tratou ao longo do semestre de todos esses pilares, com intuito de promoção de autocuidado entre os alunos e para neles despertar a importância de estarem atentos a esses pontos como futuros profissionais de saúde.

Visando colocar o pilar da atividade física em prática, já que é aquele mais próximo da área da Fisioterapia, surgiu a ideia da criação de um projeto para além da sala de aula. Os alunos foram convidados a criar formas de estimular o movimento dentro da Universidade, motivando professores, funcionários e alunos a pensarem em como anda esse aspecto nas suas rotinas, buscando combater o sedentarismo, tão presente em nossa sociedade moderna.

Sedentarismo

O isolamento social foi uma das consequências mais sofríveis da pandemia, impactando muito o dia a dia de toda a população mundial. Um desses impactos, que por si só já gera muitas consequências, foi o sedentarismo imposto à população. Muitas pessoas não possuem espaço, energia, animo ou oportunidade de praticar exercícios físicos com uma qualidade ou quantidade suficientes.  Cerca de 47% dos brasileiros são sedentários, sendo que 84% dos jovens estão nesta situação. O sedentarismo é uma pandemia silenciosa, que afeta aspectos biopsicossociais, podendo ser agravante tanto para quadros psicológicos – como depressão e ansiedade - quanto para o aparecimento das chamadas doenças crônicas não transmissíveis, como diabetes, hipertensão, obesidade e até câncer. Consideramos uma pessoa sedentária, quando seu nível de atividade física é insuficiente para atingir as recomendações mínimas da Organização Mundial da Saúde (150 minutos de atividades moderadas ou 75 minutos de atividades intensas/semana).

Comportamento Sedentário

Além do sedentarismo temos um outro fator, incluído nas recomendações mais recentes da OMS (2020) que é o “Comportamento Sedentário”. Pouco conhecido, mas tão negativo quanto o sedentarismo. E sabe o que isso significa? Qualquer comportamento, ao estar acordado, caracterizado por um gasto energético baixo, que é o que acontece quando estamos sentados assistindo TV/aula/celular/computador, reclinados ou deitados. Esse comportamento é extremamente comum na vida moderna, principalmente após a pandemia, onde muitas de nossas tarefas vem sendo executadas online.

E mais importante, precisamos saber que mesmo que pratiquemos exercício físico todos os dias, na academia ou de outra forma, ainda assim podemos ter um comportamento sedentário, se ficamos o resto do dia trabalhando sentados, por exemplo.

Projeto Movimenta PUC

Pensando nesse cenário o projeto desenvolvido pelo curso de Fisioterapia teve como protagonista o Movimento, e para isso é importante contextualizar esse termo: Trouxemos a ideia de movimento como sinônimo de atividades físicas no geral, o que difere de exercícios físicos, que são aquelas atividades programadas, feitas em academia, por exemplo. 

Movimento pode ser toda ativação muscular voluntária, que envolva deslocamento de segmentos corporais e que gere gasto energético. Dessa forma, em grande parte das nossas atividades diárias – inclusive no campus da PUC – estamos fazendo atividades físicas. Ir a pé ou de bicicleta até o trabalho/faculdade, subir escadas/rampas ao invés de pegar elevadores, passear com o cachorro, limpar a casa, são alguns exemplos de atividades físicas.

Batizamos o projeto de “Movimenta PUC” com objetivo de promover a conscientização, valorização e aprimoramento das atividades físicas que a comunidade da PUC-SP faz dentro do campus. O projeto constou de duas partes:

1) Conscientização e estímulo para aumentar a quantidade de exercícios físicos feitos na permanência das pessoas nos Campus da PUC-SP: para isso os alunos mensuraram gasto calórico de trechos da Monte Alegre e analisaram músculos e segmentos corporais usados em atividades como subir e descer escadas e rampas. Isso para mostrar para as pessoas, por meio de cartazes e posts nas redes sociais, que trocar o elevador e andar mais pode ser uma medida positiva. Despertar a ideia que se deslocar no campus não precisa ser desgastante, mas sim uma estratégia de melhorar a própria saúde.

2) A segunda parte do projeto foi despertar a comunidade para detectar “Comportamento Sedentário”, evitando-o, pensando em prevenção de doenças crônicas e ganho de saúde. Para essa ação os alunos criaram folders para entregar aos frequentadores do campus Monte Alegre. Além de informações os leitores podem abrir um QRCode que os direciona para um teste a ser realizado em uma plataforma digital, com perguntas sobre prática de atividades físicas, permanência ao longo do dia na posição sentada, tempo do uso de celular e computador, locomoção até a faculdade, prática de hobbies e uso de escada/elevador/rampa na PUC. Após as respostas o leitor será classificado em um dos quatro possíveis níveis: preguiçoso, um pouco preguiçoso, pouco ativo e muito ativo, com um GIF para caracterizar o resultado de forma divertida. A ação visa levar reflexão e conscientização de forma interativa, com engajamento.

Depoimento da aluna Alanes Caroline, do terceiro ano de Fisioterapia, que participa das aulas da disciplina eletiva “Saúde e Estilo de Vida” do curso de Fisioterapia

“A partir das aulas da professora Juliana Schulze, sobre saúde e estilo de vida, comecei a mudar alguns hábitos de vida que entendi que me prejudicariam futuramente.

Eu moro a 25 minutos da faculdade, e muitos dias eu pegava um ônibus por preguiça de andar, porém, agora todos os dias eu vou e volto a pé, e mesmo que seja pouco tempo, eu já senti uma grande diferença em relação a minha disposição durante o restante do dia. Passei também a me movimentar mais em casa, antes eu passava a tarde toda deitada ou sentada, porém, agora eu sempre me levanto para pegar uma água, fazer um alongamento que me faz bem, e no fim do dia sempre faço uma sequência de exercícios.

Aos poucos estou mudando meus hábitos, e mesmo que pareçam poucos eles têm feito uma grande diferença, a final, todo movimento conta!”