Jornal da PUC-SP

Os 280 anos da Arquidiocese de São Paulo (1745-2025) estão sendo apresentados a um grupo de cerca de 30 alunos da Faculdade de Teologia da PUC-SP que cursa a disciplina optativa O Sínodo e a Sinodalidade: 1888 – 2025, ministrada pelo prof. pe. José Ulisses Leva.

A reflexão leva os estudantes a tentar compreender a Igreja Particular (Sínodo) de São Paulo e a Igreja Universal (Sinodalidade). Criada em 1745, a Diocese Paulopolitana, em 1888, realizou o Sínodo, no episcopado de Dom Lino Deodato Rodrigues de Carvalho. Por outro lado, o papa Francisco realizou o Sínodo sobre a Sinodalidade. A disciplina reflete sobre como se apresentavam a Igreja e a sociedade no Século XIX e como a Igreja está dialogando com a sociedade contemporânea.

Uma das atividades realizadas pela turma, durante o semestre, foi uma visita ao Arquivo da Cúria Metropolitana Dom Duarte e Silva (ACMSP). O acervo documental e dos diversos serviços prestados à Igreja e à sociedade está localizado no campus Ipiranga, onde também funciona a Faculdade de Teologia (clique aqui para ver álbum de fotos da atividade ou veja no final da reportagem). Subordinado à Fundação São Paulo, Mantenedora da PUC-SP, o Arquivo pode ser consultado pela sociedade em geral.

Entre as atividades realizadas no local pelos estudantes e acompanhada pelo Diretor Técnico  do acervo Jair Mongelli, houve a transcrição digital de antigos arquivos manuscritos. Os estudantes Felipe Uchôa, Guilherme Andrade, Guilherme Marcondes, Maycon Bello, Raphael Oliveira e Thiago Silva se debruçaram sobre o Livro 4: Das Fundações das Igrejas, Capelas, Paroquias, Confrarias e Irmandades. Título III: Registro das freguesias. Capítulo 1°: Dos três livros Paroquiais. P. 253 e 253V.

Um dos trechos do documento transcrito literalmente diz: “A má conservação dos registros religiosos das paroquias e tanto mais criminosa quanto são santos e augustos esses títulos que provaram o nascimento espiritual e o casamento dos cristãos e são testemunhas autênticas e sagradas do estado da religião e das paróquias. Escreve-los pois em folhas rolantes, sem ordem, sem cuidado, sem preservação; desprezá-los como papéis de nenhum interesse e importância, é uma profanação, é um grave crime; pois que a segurança e certeza do batismo e legitimidade dos matrimônios, dependem deles”.

Leia a seguir os depoimentos dos estudantes que participam da optativa O Sínodo e a Sinodalidade: 1888 – 2025:

♦ "A disciplina trouxe-me o aprofundamento histórico-teológico do tema que está na base da Igreja que busca verdadeiramente a comunhão e o diálogo. Tudo isso foi oportunamente enriquecido a partir da pesquisa no Arquivo Metropolitano, cuja documentação de 1888 mostrou a importância de "ir às fontes" para a minha compreensão de muitas situações eclesiais da Diocese de São Paulo", Celia Maria Ribeiro

♦ “O curso demonstrou a importância da análise das fontes e do método da pesquisa. A primeira pesquisa levantou novos interesses e dúvidas a respeito de termos de época e contextos históricos que necessitaram de novas buscas, ressaltando a importância da metodologia clara e objetivos bem definidos, oferecidos no desenvolvimento da disciplina”, Leonardo Inoue

♦ “Foi uma oportunidade única de aprofundamento acadêmico e amadurecimento pessoal. Os encontros permitiram não apenas o contato com conteúdos relevantes, mas também a partilha de experiências e inquietações que atravessam nossa vivência universitária e de fé. A pesquisa no Arquivo revelou-se especialmente marcante: ao manusear documentos e registros históricos, tive a nítida percepção de estar em diálogo com a história viva da Igreja. Essa imersão despertou em mim um renovado senso de pertença e responsabilidade diante da memória e da missão que herdamos”, Guilherme Nascimento Marcondes

♦ “A valiosa oportunidade permitiu aprofundar o conhecimento em áreas específicas do meu interesse. A pesquisa no arquivo foi uma experiência enriquecedora, permitindo-me acessar fontes primárias e documentos históricos que trouxeram uma nova perspectiva para a minha compreensão do tema estudado”, Maycon Bello dos Santos

♦ “O curso me levou a amar mais a Igreja, a partir da pesquisa nos registros do Sínodo Diocesano de 1888, da então Diocese de São Paulo.  O cuidado, o zelo pelo Sagrado, fez-me ganhar novo ânimo, pois é ter a certeza de que a busca pela valorização das coisas de Deus não é algo restrito a tempos e pessoas, mas algo intrínseco à natureza mesma da Igreja, e de seus ministros”, José Carlos Maria Ferreira dos Santos, Bta

♦ “Foi uma experiência oportuna para nós discentes, por levar ao exercício da pesquisa, reflexão e diálogo à luz da realidade da Igreja Católica de São Paulo  do século XIX e da Igreja Católica hoje”, Rodiney Mamédio Magalhães

♦ “A disciplina proporcionou um aprofundamento histórico-teológico do conceito de sinodalidade enquanto dimensão constitutiva da eclesiologia contemporânea, evidenciando seu papel na promoção de uma eclesiologia de comunhão e diálogo. Tal reflexão foi substancialmente enriquecida pela pesquisa documental realizada, cuja análise de fontes primárias permitiu uma compreensão mais fundamentada dos processos eclesiológicos locais, corroborando a importância do método histórico-crítico no estudo da realidade eclesial”, Jefferson de Sousa Araujo

♦ “Foi uma imersão profunda na história da Igreja, de modo especial na Igreja em São Paulo. E, de forma inovadora, não nos baseamos em manuais de história eclesiástica, mas recorremos às fontes, analisando atas antigas de valor único. Foi interessante observar o quanto os desafios da Igreja seguem uma linha histórica. Pude constatar que as questões de hoje não são muito diferentes das do passado. Penso que o estudo do Sínodo de 1888 pode nos ajudar muito na compreensão do sínodo atual, iniciado pelo Papa Francisco”, Patrick Kelvin Fernandes Dias

♦ “A experiência abriu o horizonte da história de São Paulo e das mais dioceses que surgiram após o sínodo de 1888. Compreendemos o processo de maturação que foi se estruturando com a história.  Por fim, acredito que as dificuldades da Igreja no tempo presente podem ser resolvidas através do diálogo e encontro com o sínodo de 2025”, Caio César

♦ “Foi enriquecedor, tanto no aspecto acadêmico quanto pessoal. A proposta da atividade nos permitiu um contato direto com fontes primárias, estimulando uma compreensão mais concreta dos processos históricos e institucionais da Arquidiocese de SP. A visita e o trabalho no Arquivo foram especialmente significativos. O ambiente cuidadosamente preservado, aliado ao suporte histórico oferecido pela equipe, proporcionou um mergulho na memória viva da Arquidiocese”, Felipe Uchoa

♦ “A pesquisa nos documentos do Sínodo de 1888 me permitiu um contato direto com a história viva da Igreja e aprofundou minha compreensão da sinodalidade. Foi um momento de crescimento acadêmico e também de fortalecimento da minha fé e do meu senso de pertença à missão da Igreja”, Raphael de Oliveira

♦ “O curso me permitiu ir às fontes primárias do Sínodo de 1888. Os conteúdos do dito Sínodo como inspiração do Espírito Santo à luz dos sinais dos tempos daquela época reafirmam a comunhão, a participação e a unidade com o Magistério infalível e depósito de fé da Igreja Católica. De outro modo, os esclarecimentos do professor e dos colegas da turma ajudaram a entender  que sempre a Igreja se preocupou das questões disciplinares e doutrinais para o bom fortalecimento da Igreja. Notamos também a continuidade de alguns elementos importantes da fé cristã nos documentos dos Pontífices após 1888”, Aguehunde Marc Aurel Mindesse, Religioso Comboniano

♦ “No campo da pesquisa do arquivo metropolitano, para além de ser aprendizado foi um elemento de estímulo em nível intelectual e humano. Tenho a certeza de que cada alma que se mergulhou nessa pesquisa não voltou do mesmo jeito que era antes”, Manuel Elias Vermelho Pahar, Religioso Comboniano

♦ “A disciplina me ajudou de conhecer a história da Igreja de São Paulo no contexto da formação sacerdotal dos Clérigos. A reforma diocesana queria um clero voltado para a postura pastoral da cura d’almas, celibatário e em estreitas laços com a Igreja de Roma. Neste contexto, Dom Lino tinha um perfil disciplinador e reformador e espiritual. Durante o Sínodo de 1888, Dom Lino deu ênfase especial na melhoria da formação dos sacerdotes. Defendia uma formação mais alinhada. Além disso, a preocupação do Dom Lino está ligada com a preocupação do Papa Francisco sobre a formação dos clérigos. Pois, a sinodalidade é a dimensão constitutiva da Igreja como um caminho de renovação espiritual e de reforma estrutural para tornar a Igreja mais participava e missionária”, Mbwiti Mavumu Aristarque Joachim, Religioso Comboniano

♦ “Foi uma experiência muito enriquecedora para mim, tanto academicamente quanto pessoalmente. A pesquisa no Arquivo Metropolitano despertou em mim um novo interesse pelos processos históricos da Igreja e reforçou a importância do método e da clareza nos objetivos da pesquisa. Essa vivência fortaleceu meu senso de pertença à Igreja e me fez perceber como o diálogo e a comunhão são caminhos fundamentais para responder aos desafios do presente”, Guilherme Andrade

♦ “Foi fundamental para compreender a história da Igreja na cidade e no estado. O acervo reúne documentos valiosos, como registros paroquiais, cartas pastorais, atas e relatórios que permitem estudar a atuação e a influência da Igreja na formação social, cultural e política de São Paulo. Além disso, possibilita resgatar a memória de comunidades, movimentos eclesiais e figuras importantes, como sínodo diocesano. E toda organização da igreja da época”, Fábio Silva

♦ “A disciplina aborda os fundamentos históricos do desenvolvimento dos sínodos, sua normatividade no direito canônico, bem como sua fundamentação bíblica e patrística. Além disso, reflete sobre os desafios e perspectivas da sinodalidade no contexto contemporâneo, destacando sua relevância para uma eclesiologia de comunhão, à luz da missão evangelizadora da Igreja no mundo atual”, Jefferson Oliveira

♦ "Além de revisitar a história da Igreja de São Paulo nos ajudou a compreender o tripé da universidade: Pesquisa, Ensino e Extensão. Nesta disciplina tivemos a oportunidade de ir até as fontes, buscando e lendo documentos no Arquivo Metropolitano Dom Duarte Leopoldo e Silva”, Luís Henrique Rodrigues de Lima

♦ "Ir as fontes" é uma das atividades que estamos chamados a realizar, para ter fundamentos do que se diz hoje. A disciplina fez com que, através do documento do Sínodo de 1888, conhecêssemos a realidade da Igreja do Brasil desse século. Ter acesso ao Arquivo Metropolitano, é uma graça. Por isso fico muito grato pela abertura desses documentos para nós que estamos no aprendizado de um país com história. Agradeço ao Professor Ulisses e aos responsáveis do Arquivo que nos deram a oportunidade de acessar a esse documento”, Martin Xalamihua Zopiyactle, Religioso Comboniano