Novas diretrizes nacionais de hipertensão têm participação da coordenadora acadêmica do Hospital Santa Lucinda

por Redação | 16/10/2025

As novas Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 2025 foram lançadas durante o 80º Congresso Brasileiro de Cardiologia, com participação direta da professora-doutora Cibele Isaac Saad Rodrigues, coordenadora acadêmica do Hospital Santa Lucinda (HSL) e professora titular do Departamento de Clínica, na área de Nefrologia, na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP.

As recomendações, elaboradas ao longo de um ano e meio por representantes das principais sociedades médicas do país na área de hipertensão, estabelecem como uma das novidades centrais a meta universal de pressão arterial abaixo de 130/80 mmHg (13 por 8) para todos os hipertensos — independentemente de idade, sexo ou presença de outras doenças. “A nova diretriz reflete as melhores evidências científicas e visa reduzir as complicações cardiovasculares e renais, como infarto, doença renal crônica e AVC”, destaca Cibele, que também é diretora do Departamento de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN).

Durante o congresso, a professora participou do lançamento oficial das diretrizes; apresentou os principais tópicos do novo documento ao lado dos demais coordenadores (Andrea Brandão, Luiz Bortolotto e Wilson Nadruz); coordenou sessões temáticas e debateu casos clínicos com especialistas.

Rigor científico e adaptações à realidade brasileira

Com 152 páginas distribuídas em 15 capítulos, a diretriz, publicada nos Arquivos Brasileiros de Cardiologia, reúne orientações detalhadas e apresenta dois capítulos inéditos.

Um dos capítulos – coordenado por Fernando Almeida, professor titular do Departamento de Clínica da FCMS-PUC/SP – é dedicado exclusivamente ao Sistema Único de Saúde (SUS). A decisão reflete a realidade brasileira: cerca de 75% dos pacientes hipertensos dependem da rede pública. O texto propõe recomendações adaptadas à atenção primária à saúde, priorizando medicamentos disponíveis no SUS, acompanhamento multiprofissional e incentivo à monitorização ambulatorial e residencial da pressão arterial.

“O objetivo é oferecer um guia prático e aplicável para médicos e enfermeiros da atenção primária, reduzindo desigualdades regionais e melhorando o controle da pressão em todo o país”, explica Cibele.

Outro novo capítulo aborda a hipertensão arterial na mulher, com orientações específicas para diferentes fases da vida feminina. Entre as recomendações estão o monitoramento rigoroso da pressão antes e durante o uso de anticoncepcionais, a priorização de medicamentos seguros na gestação e o acompanhamento próximo em peri e pós-menopausa. Cibele explica que é importante o acompanhamento de longo prazo para mulheres com histórico de hipertensão na gravidez, devido ao maior risco de doenças cardiovasculares e renais futuras.

Evidências e desafios

A definição da nova meta de pressão arterial baseia-se em evidências recentes, incluindo estudo publicado na revista científica The Lancet, que demonstra a redução de eventos cardiovasculares graves em pacientes submetidos a um controle mais intensivo da pressão. Segundo Cibele, o texto ressalta que, em pessoas com fatores de risco ou com alterações nos órgãos-alvo da hipertensão (coração, cérebro, rins e vasos), o acompanhamento deve ser ainda mais rigoroso.

A professora comenta sobre a colaboração entre as sociedades médicas envolvidas: “A interrelação entre as sociedades brasileiras de nefrologia, cardiologia e hipertensão tem sido fundamental para produzir diretrizes cada vez mais robustas e alinhadas às necessidades do Brasil”.

As novas recomendações já estão disponíveis para consulta na internet e pretendem orientar a prática clínica em todo o território nacional, com foco na prevenção de complicações e na redução das mortes associadas à hipertensão.

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