Prof. Fabio Ulhoa Coelho é eleito vice-presidente do MASP

Docente da Faculdade de Direito concede entrevista ao J.PUC e fala sobre como arte e direito se conectam em sua vida

por Thaís Polato | 17/06/2025
Thaís Polato / ACI PUC-SP

“O museu está vivo”, me diz o gentil homem de sorriso largo, numa tarde ensolarada de outono. Ele veio me receber na entrada do maior museu da América Latina, cravado no coração de São Paulo, em dia de visitação gratuita e exposição de sucesso.

Mas não é somente à quantidade de pessoas que ele se refere: “o museu vivo vai além disso”, afirma o prof. Fabio Ulhoa Coelho, docente da Faculdade de Direito e um dos vice-presidentes do MASP. “Um museu vivo é aquele que está inserido no seu tempo. E assim o MASP está, com sua missão de ser inclusivo, plural e diverso”, destaca o docente.

Leia, a seguir, a entrevista concedida pelo professor ao J.PUC:

J.PUC – Como a arte entrou na sua vida?

Prof. Fabio – Tenho interesse pelas artes há muito tempo, nem saberia dizer quando começou. Mas a primeira obra que eu comprei na vida foi num leilão realizado nos anos 1980 para levantar recursos para a reconstrução do Tuca, logo depois que um incêndio assolou o teatro da Universidade. Era recém-formado em Direito pela PUC-SP e comprei uma gravura do Adelmir Martins. Nesse momento me tornei colecionador, com foco em arte contemporânea brasileira. Sempre estive muito inserido nesse contexto, apreciando novas tendências, novos artistas. Isso mesmo antes de comprar a obra em prol do Tuca.

J.PUC – E como tem sido sua trajetória no MASP, onde o sr. já foi coordenador do Comitê Cultural do Conselho Deliberativo e agora é vice-presidente?

Prof. Fabio – Como me interessava por obras de arte, sempre fui um frequentador assíduo do museu. Em 2014, houve uma mudança bastante grande na gestão do MASP, que a tornou mais profissional. Fiquei interessado em participar desse novo momento do museu e, em 2015, comecei a ser um dos patronos. Isso me levou a integrar o grupo que participa do programa que organiza idas a ateliês de artistas e visitas guiadas a exposições no Brasil e no exterior. Sendo um dos patronos assíduos, depois de um tempo fui convidado a integrar o conselho deliberativo, a coordenar o comitê cultural e, recentemente, fui eleito vice-presidente.

J.PUC – Como se conectam a arte e o direito na sua vida?

Prof. Fabio – Ambos são manifestações do espírito humano e, portanto, do tempo. Atualmente, temos uma arte produzida no Brasil com enfoque acentuado, e correto, na questão da deconolização. Precisamos romper os vínculos que temos com nosso passado colonial, de olhar para a Europa e os EUA e achar que estão mais avançados, são sempre vanguarda e o que nós teríamos de fazer seria copiá-los. O Brasil é melhor quando fica mais parecido com os brasileiros, com seu povo negro, indígena, descendente de imigrantes e não quando fica mais parecido com a Europa ou com os EUA. Da mesma forma que a arte, o Direito também está olhando atualmente para a questão crucial da deconolização. Estamos em busca de soluções jurídicas brasileiras para os problemas jurídicos brasileiros. Não é porque deu certo – se é que deu certo – na Europa ou nos EUA que vai dar certo aqui no Brasil. O direito e a arte se unem nesse aspecto: os desafios que cada tempo põe para ambos são semelhantes.

J.PUC – Quais pontos de contato o sr. enxerga entre o MASP e a PUC-SP?

Prof. Fabio – São muitos pontos de contato, certamente. Ambos são iniciativas da sociedade civil e não do Poder Público e foram criados num contexto de pós segunda-guerra mundial, quando o mundo tentava se reorganizar. No caso da PUC-SP, integrantes da Igreja Católica, como professores de Direito, a fundaram em 1946. O MASP também foi uma iniciativa da sociedade civil, capitaneada pelo empresário do setor de Comunicação Assis Chateaubriand, em 1947. Outro ponto de contato é que as duas Instituições estão inseridas na questão cultural. Educação superior é cultura, arte é cultura. A PUC-SP, onde realizei toda a minha formação acadêmica e docente, e o MASP são dois ambientes nos quais me sinto muito bem. A obra de arte que comprei para ajudar na reconstrução do Tuca ainda está em minha casa, o que me traz constantemente a memória afetiva da experiência entre a PUC-SP e as artes que eu tenho vivido.

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