Fernando de Almeida de Santos recebe a medalha Frederico Herrmann Júnior
Honraria é concedida pelo Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (...
Reflexão do prof. Fernando Altemeyer Junior (Ciências Sociais)
Reflexão do prof. Fernando Altemeyer Junior (Ciências Sociais):
Em nome da Trindade finalizamos cada oração, mencionando o Espírito Santo, a Terceira Pessoa, que é Dom e Amor. Esses os nomes próprios da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Não há como separar o Pai, o Filho e o Espírito. A espiritualidade só é plenamente cristã se for trinitária. Aprendemos de Jesus, que em sua vida mais íntima Deus é amor essencial. O Pai ama. O Filho é por Ele amado e a relação entre o Pai e o Filho é o Amor. Pai, Filho e Espírito Santo são nomes de relação.
A fé no Espírito Santo emergiu vigorosa na prática cristã dos primórdios da Igreja Apostólica e se faz até hoje presença viva. Sem o Espírito toda a ação humana perde sentido. Ele está em nós, para que possamos ser o que somos chamados a ser (João 14,17).
O Credo niceno-constantinopolitano proclama no ano 381 esta bela confissão batismal, símbolo da fé originário provavelmente da Igreja-Mãe de Jerusalém: “Cremos no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai e que com o Pai o Filho é adorado e glorificado e, que falou pelos profetas (DH 150)”. É pelo Espírito Santo que nós cremos em Deus Pai e em Deus Filho. É o Espírito que nos permite conhecer o Filho como a imagem visível do Deus invisível. Para estar em contato com Cristo, é preciso primeiro ter sido tocado pelo Espírito Santo (CIC 683). E nos abrir ao infinito de Deus. Como diz Santa Teresa de Lisieux: “O amor lhes dará as asas (MB. 38v)”.
O Espírito é o Amor do Pai pelo Filho eternamente. Ao Pai atribuímos a memória, ao Filho a inteligência e ao Espírito Santo é atribuída a vontade (Santo Agostinho). As três pessoas vivem a plena comunhão da memória, da razão e da vontade. Ao Espírito Santo são atribuídas as obras nas quais predomina a bondade divina. É Ele que torna fecunda a Virgem Mãe de Deus. Maria Santíssima é a mulher especialíssima, filha predileta do Pai, Mãe do Filho e esposa do Espírito.
O Espírito Santo é a Pessoa Divina em quem e por quem tudo existe. Ele renova a face da terra. O dom da existência procede do Espírito. Ele dirige o curso do tempo e dá sentido ao mundo. No Espírito, o ser humano se transforma em uma nova criatura, pois Ele é o remédio de todo o mal, pois não há nele morte, mentira, inveja, rancor, orgulho ou defeito. Nele só há amor e amor abundante e dadivoso. “Ama e faze o que quiseres: se calas, calarás por amor; se clamas, clamarás por amor; se corriges, corrigirás por amor; se perdoas, perdoarás por amor (Santo Agostinho, Epístola Ioannis 7,8)”.
Símbolos pentecostais
Jamais se permitiu qualquer ícone do Espírito Santo nas Igrejas do Oriente ou do Ocidente. Só existem maneiras indiretas de apresentar esta Pessoa divina. Usam-se símbolos que remetem às experiências pessoais mais profundas da pessoa humana, normalmente em vivências discretas e inefáveis. Eis pequena lista de alguns símbolos e metáforas: água, unção, fogo, línguas, sopro, vento, brisa, vida, nuvem, luz, selo, imposição das mãos, dedo da direita paterna, uma das mãos do Pai, pomba (Columbarium), coração, alma, dinamismo, graça, vivificador, dom perfeito, calor, Paráclito, advogado e pai dos pobres, defensor dos fracos, beijo de Deus, carisma, presente do céu e perfume do Altíssimo.
É preciso que digamos o que não é o Espírito e quem Ele é.
O Espírito Santo não é engendrado. Não é espiritualismo oculto nem algo secreto ou gnóstico. Não é magia nem energia cósmica. Não é impessoal. Não é hipocrisia. Não é o relógio do universo nem um espírito qualquer que subsista como motor interno ao cosmo. Não é um fantasma ou ectoplasma. Não é uma parte de Deus.
O Espírito Santo é uma pessoa, mas não tem um rosto humano. É o amor pessoal entre o Pai e o Filho. Ele procede do Pai pelo Filho. É da mesma substância e essência divina. É o amor pessoal de Deus. É o sopro de vida de Deus que alimenta e fortalece a Igreja. Ele perscruta as profundezas de Deus. Ele é a expressão pessoal da comunhão de amor entre as pessoas divinas. É o doador da vida. É o amor-pessoa paciente e prestativo. É o Dom absoluto. É dinamismo vivo de Deus entre nós. É quem fala pelos profetas e nos faz apreciar retamente todas as coisas. É Senhor da criação e da história. É o núcleo da liberdade dos filhos de Deus. É Deus. “É mais profundo do que em mim existe de mais íntimo” (Deus intimior intimo meo, Santo Agostinho, Confissões III, 6, 11).
A dicção do Amor
O agir do Espírito Santo na criação e na história da salvação se realiza na inspiração e na formação da Palavra divina expressa através da lei, dos profetas e dos apóstolos, e na plenitude dos tempos, na Pessoa de Jesus, a própria Palavra feita carne. Ele ensina os apóstolos e confirma a fé da Igreja, Povo de Deus, Corpo de Cristo e Templo do Espírito. O Espírito é sempre o de Jesus. Confirma a missão do Filho na história e tempo da ação do Espírito.
O agir do Espírito Santo na vida da Igreja é como a alma para o corpo humano. É a alma da Igreja e o seu princípio vital. Ele une os membros pela comunhão e pelo serviço. “O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Rm 5,5)”. O Espírito é fonte da unidade, da santidade, da tradição apostólica e de nossa catolicidade. Ele ajuda a decifrar os muitos e enigmáticos sinais dos tempos. As missões do Filho e do Espírito são inseparáveis. A Igreja é o lugar privilegiado onde floresce o Espírito. “Onde está a Igreja, está o Espírito. Onde está o Espírito aí está a Igreja (Santo Irineu, Adv. Haer., III, 24,1)”. É graças ao Espírito que a liturgia da Igreja desemboca na oração contemplativa, sem dicotomias.
O agir do Espírito Santo é experimentado na vida dos fieis. Ele é fonte de toda a graça. Seus sete dons: sabedoria, inteligência, conselho, força, ciência, verdade e o temor, fermentam a vida fecunda da comunidade dos crentes. Espírito procede do Filho e nos faz viver a mensagem de Jesus que conduz ao Divino Pai Eterno.
O Espírito aquece, consola, cuida, cura, defende, ensina, encoraja, exorta, fortalece, habita, ilumina, impele, liberta, profetiza, purifica, renova, transforma, vincula, unge, queima os corações, abre os olhos, age na liturgia, abre as portas para a plena verdade, cultiva virtudes, fala em línguas, faz milagres, nos faz viver como filhos e proclama a centralidade de Cristo como Nosso Senhor. “Ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor! A não ser no Espírito Santo (1Cor 12,3)”.
“O Espírito Santo transforma o pão e o vinho no Corpo e Sangue de Cristo; também transforma todos os que o recebem com fé em membros do Corpo de Cristo, para que a Igreja seja verdadeiramente um sacramento de unidade dos homens com Deus e entre eles” (Papa Bento XVI na reza do Angelus, 26 de junho de 2011).
Orar no Espírito
Quem se deixa tocar pelo Espírito vive a intimidade da comunhão com o próprio Deus, sustentado no amor e abraçado pelo amor. Se feitos de água não somos a mera molécula de H2O. Se feitos de carbono, não somos a materialidade cósmica. Se feitos de um complexo código cromossômico, somos mais que letras genômicas. Se feitos da memória, somos mais que arquétipo ancestral. A verdade plena de cada ser humano é que cada um de nós é plasmado de amor ou de histórias de amor. Somos criados pelo amor do Pai Eterno, recriados pelo amor redentor do Filho Unigênito e animados pelo amor íntimo do Espírito. O centro da vida é falar das coisas do amor, do Amado e do amar. O mais é supérfluo.
Os orientais proclamam a presença constante do Espírito na vida eclesial. Ouçam: “Sem o Espírito Santo, Deus é distante, o Cristo fica no passado, o Evangelho é letra morta, a Igreja uma simples organização, a autoridade uma dominação, a missão uma propaganda, o culto uma evocação, e o agir cristão uma moral de escravos. Mas, no Espírito: o cosmos é redimido e geme dores de parto do Reino, o Cristo ressuscitado está presente, o Evangelho é força de vida, a Igreja é sinal da comunhão trinitária, a autoridade é um serviço libertador, a missão é um Pentecostes, a liturgia é memorial e antecipação e o agir humano é divinizado (prece do Metropolita Ignatios IV, patriarca da Igreja Ortodoxa na Síria, Líbano, Iraque e Kuwait)”.
Para experimentar o Espírito de Deus é preciso abandonar-se e viver um “silente deserto de Deus (Mestre Eckhart)” ou “a noite escura d'alma (São João da Cruz)” para que se esvazie a mente e Deus resplandeça, como dizia o apóstolo Paulo: “nihil habentes et omnia possidentes – nada tendo, embora tudo possuamos! (2Cor 6,10)”. E o místico espanhol São João da Cruz: “No entardecer da vida seremos julgados no amor”. O povo dos pobres, no silêncio e simplicidade de suas vidas, conhece e ama o Espírito de Deus e crê na promessa da felicidade completa. Vive de Deus e em Deus, pois só Deus lhes basta. Como indigentes e não obstante, enriquecendo a muitos! “O Espírito do Senhor está sobre mim, para evangelizar os pobres, proclamar a remissão, a recuperação, a restituição e o ano de graça”. Assim Jesus manifesta seu júbilo ao Pai na presença amorosa de seu Espírito. E nós, cristãos murmuramos uma prece no Espírito de Jesus: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fieis e acendei neles o fogo do vosso Amor”...