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Silenciosa, a gordura visceral é uma das mais perigosas ao organismo. Ela se acumula ao redor de órgãos vitais (como fígado, rins, coração e intestinos) e está diretamente relacionada ao desenvolvimento de doenças crônicas graves, incluindo diabetes tipo 2, hipertensão, esteatose hepática, disfunções metabólicas e quadros inflamatórios persistentes.
Além do peso na balança
A professora-doutora Maria Helena Senger, endocrinologista e docente da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC-SP, explica que o risco é alto mesmo em pessoas com peso aparentemente normal. “É possível ter o IMC dentro da faixa considerada saudável e, ainda assim, carregar níveis perigosos de gordura visceral. Por isso, medir a circunferência abdominal é fundamental”, afirma.
A gordura visceral não é apenas uma reserva energética: ela funciona como um tecido metabolicamente ativo, que produz substâncias inflamatórias e desregula o metabolismo.
Circunferência abdominal serve de alerta
A endocrinologista destaca que homens com mais de 101 cm e mulheres com mais de 88 cm de circunferência abdominal já estão em um grupo de risco, independentemente do peso total. “Esse tipo de gordura tem impacto sistêmico. Ela está associada a doenças cardiovasculares, resistência insulínica e até mesmo à perda de volume em áreas do cérebro relacionadas à memória”, alerta.
Estratégias de combate
Segundo a docente da FCMS-PUC-SP, o combate à gordura visceral precisa ser encarado como uma estratégia de saúde pública. “Não existe milagre. O caminho ainda passa por alimentação equilibrada, atividade física estruturada e mudanças consistentes no estilo de vida.”
Dietas pobres em ultraprocessados, com maior presença de fibras, vegetais, proteínas magras e gorduras boas, são essenciais para controlar a insulina e reduzir inflamações. Além disso, exercícios aeróbicos — como caminhada, corrida e ciclismo — combinados com treinos de força contribuem para a queima efetiva da gordura visceral.
Tratamentos estéticos não eliminam risco
Maria Helena enfatiza que métodos localizados, como abdominais ou intervenções estéticas, não têm efeito sobre essa gordura específica. “Criolipólise, lipoaspiração ou cirurgias plásticas podem até alterar a estética abdominal, mas não tocam a gordura visceral. É preciso atuar no sistema como um todo.”
Sono e estresse
A professora também destaca a importância do sono adequado e do controle do estresse crônico: “Altos níveis de cortisol favorecem o acúmulo de gordura na região abdominal. Portanto, cuidar da saúde mental e dormir bem não são luxo — são parte do tratamento”.
Abordagem integrada e multidisciplinar
Pesquisadora da área e orientadora de projetos acadêmicos voltados ao metabolismo e obesidade, Maria Helena reforça que a formação médica na FCMS da PUC-SP tem como foco a compreensão integrada do paciente. “Nós preparamos nossos alunos para enxergar o indivíduo além do sintoma. A gordura visceral é uma questão multifatorial e, por isso, precisa de uma abordagem interdisciplinar e contínua.”
A mensagem é clara: combater a gordura visceral não é questão estética — é preservar a saúde a longo prazo. E isso começa com informação de qualidade, hábitos sustentáveis e acompanhamento profissional. A ciência já apontou o caminho. Agora, é questão de decisão pessoal e permitir-se ser ajudado por profissionais éticos e competentes, apoiados em evidências científicas.