A um mês das negociações do tratado global, docente do curso de Medicina da PUC-SP analisa os supostos riscos dos microplásticos

por Redação | 08/07/2025

Delegados de mais de 170 países voltam a se reunir em agosto, em Genebra, na Suíça, para dar continuidade às negociações do Tratado Global sobre Poluição Plástica — um acordo internacional juridicamente vinculante em discussão na ONU desde 2022. A reunião marca a segunda parte da quinta sessão do Comitê Intergovernamental de Negociação (INC-5.2), criado pela Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

O objetivo do encontro será o de avançar nas diretrizes que deverão nortear políticas globais de controle da poluição por plásticos. Contudo, interesses econômicos e ideologias políticas influenciam as decisões dos países participantes. A reunião anterior, em dezembro de 2024, na Coreia, foi marcada pela divergência entre nações que defendem a limitação da produção e os que consideram aumentar os investimentos globais na reciclagem.

Riscos concretos ainda são inconclusivos

Notícias sobre a presença de microplásticos em alimentos, bebidas e até gomas de mascar têm gerado crescente preocupação na população. “Há estudos que encontraram microplásticos em alguns tecidos humanos e que sugerem potencial tóxico que causam inflamações, alterações hormonais, entre outros. Porém, há algumas lacunas como o fato de que muitos desses estudos são realizados em animais ou in vitro, não há padronização na metodologia e ainda não se sabe ao certo qual seria a dose tóxica”, pondera Maria Carolina Pereira da Rocha, médica especialista em Medicina de Família e Comunidade e em Infectologia Pediátrica, e professora da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde da PUC-SP.

Ainda de acordo com ela, é importante recomendável reduzir o uso de plástico em garrafas e vasilhas para armazenamento de alimentos - que também contribui para a redução de danos ao meio ambiente - e evitar aquecer embalagens plásticas das mais diversas maneiras.

O que são nanoplásticos

Os microplásticos são definidos como fragmentos de polímeros com tamanho entre 5 milímetros e 1 micrômetro. Abaixo desse limite, as partículas são classificadas como nanoplásticos, com dimensões medidas em bilionésimos de metro.

Devido ao tamanho ultrafino — cerca de 1/1000 da espessura de um fio de cabelo —, os nanoplásticos têm, em tese, capacidade de atravessar as barreiras dos tecidos do sistema digestivo e respiratório, alcançando a corrente sanguínea. A partir daí, podem se dispersar por todo o corpo, carregando substâncias químicas sintéticas com potencial efeito tóxico sobre células e órgãos.

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