Dom Odilo preside missa em ação de graças pelos 75 anos da Faculdade de Medicina

O Cardeal Dom Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo e Grão-chanceler da PUC-SP, esteve no campus Sorocaba em 8/10, onde presidiu, ao lado do Padre Rodrigo Vilela, coordenador da Pastoral Universitária, a missa em comemoração aos 75 anos da Faculdade de Medicina.
O reitor Vidal Serrano Nunes Júnior e seu chefe de gabinete, Leonardo Florencio de Carvalho, estiveram presentes na missa. “É uma alegria e um orgulho imensos estar aqui celebrando os 75 anos desta faculdade, uma das melhores do Brasil. Neste momento, nada poderia ser mais oportuno do que receber as bênçãos do nosso cardeal, para que a PUC-SP continue sendo o que sempre foi: uma instituição de excelência na área médica”, declarou Vidal.
Antes da celebração, o diretor da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS), professor-doutor Godofredo Campos Borges, saudou os celebrantes e o público presente, e fez um resumo da trajetória histórica da instituição, destacando seu papel na formação de profissionais da saúde e na consolidação da tradição acadêmica da PUC-SP em Sorocaba.
“Em 1971, esta faculdade, então uma fundação de Sorocaba, passou a integrar a PUC-SP”, relembrou. “A primeira turma de Medicina formou-se em 1956 e, até o ano passado, já diplomamos 5.893 médicos. Atualmente, contamos com 647 alunos de Medicina, 51 de Enfermagem, 227 residentes, 58 pós-graduandos, além de 217 professores e 83 funcionários.”
Ao iniciar a missa, Dom Odilo destacou a coincidência de ela ser realizada durante a Semana Nacional da Vida (SNV) — iniciativa da Comissão Episcopal para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), celebrada de 1º a 8 de outubro —, período que também inclui o Dia Nacional do Nascituro, comemorado em 8 de outubro. “Sabemos, hoje, quantas situações e quantos problemas existem em relação a esta questão. Então, colocamos tudo isso também na intenção desta celebração.”
A homilia proferida por Dom Odilo foi profunda, trazendo reflexões de grande densidade espiritual e moral sobre a vida humana, saúde, meio ambiente e com especial atenção às questões que envolvem o aborto, tratadas à luz da fé e da dignidade da pessoa.
Trechos da homilia
“Aproxima-se a realização da COP30, em Belém do Pará, com muitas propostas para a defesa do ambiente e de tudo o que agride a vida. Muitas pessoas se preocupam — e com razão — com a crescente e perigosa degradação do ambiente e o progressivo comprometimento das condições de vida em nosso planeta.”
“Por feliz coincidência, ou providência, neste ano comemora-se o décimo ano da Encíclica Laudato Si', que lançou luzes importantes sobre a Cúpula de Paris sobre o Clima, em 2015, e cujas reflexões e diretrizes seguem muito atuais. O Papa [Francisco] sacudiu as consciências e orientou para uma nova visão das questões ambientais e climáticas, desvinculando-as dos discursos ideológicos e partidários, fazendo ver que isso interessa a todos... Francisco ajudou a compreender melhor que a questão ambiental, mais que interesses econômicos, envolve princípios morais de responsabilidade, solidariedade e justiça.”
“Na primeira semana de outubro, a CNBB promoveu a Semana Nacional pela Vida, com o objetivo de promover a cultura da vida e a consciência sobre o valor único de todas as formas de vida. Elas são expressões da sabedoria do Criador e precisam ser respeitadas. Valor e respeito maiores ainda merecem a vida humana, tantas vezes posta em situação de risco e violentada. As guerras, a miséria degradante e a fome são formas de vilipêndio da vida humana.”
“Hoje está sendo comemorado o Dia do Nascituro. Se é importante proteger a vida das pessoas adultas (e certamente é), proteger a vida das crianças nascidas (e como é importante), quanto mais necessário é acolher e proteger os seres humanos pequenos, frágeis e indefesos que ainda estão por nascer. Lamentavelmente, custa a ser reconhecido o óbvio: que eles já são seres humanos e têm uma dignidade própria. No entanto, a legislação brasileira e a de outros países sempre mais os desprotege, entregando-os à sua sorte e até mesmo ao arbítrio de quem atenta contra a sua vida, negando-lhes o primeiro e mais fundamental de todos os direitos.”
“Ao falar da defesa da vida humana, não podemos passar ao largo da questão dolorosa do aborto. O direito à vida e a inviolabilidade da vida humana estão assegurados na Constituição Federal, e a Igreja Católica tem posição clara e inequívoca de desaprovação moral do aborto provocado. Causa perplexidade a pretensão de transformar a prática do aborto em um direito individual a ser reconhecido e protegido pelo Estado.”
“Horror dos horrores é a prática do aborto de bebês com mais de 22 semanas de gestação, mediante o procedimento de assistolia fetal. Este modo de matar os bebês no ventre materno consiste na introdução de uma agulha no coração do feto, para lhe aplicar uma solução de cloreto de potássio. Isso causa uma forte arritmia, com dores fortíssimas, e mata o bebê em poucos instantes. Enquanto isso, o emprego desse mesmo método para provocar a morte de animais está vetado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, justamente porque é extremamente doloroso e cruel. Vários países onde existe a pena de morte também proíbem seu uso para executar os condenados. O Conselho Federal de Medicina proibiu esse procedimento na prática do aborto, justamente por ser muito doloroso e desumano. No entanto, pela mobilização de um partido político, essa norma foi contestada no STF como ‘inconstitucional’, com o argumento de que o Conselho Federal de Medicina não poderia impor tal veto aos médicos por ser contrário ao ‘direito ao aborto legal’. Por decisão monocrática do STF, a norma do CFM foi suspensa liminarmente, e o aborto por assistolia fetal continua acontecendo.”
“Por que o inocente precisa pagar pelo culpado? No mundo minimamente civilizado dos adultos, isto não é considerado normal. Por que o mundo se mobiliza para ouvir o grito da Terra na COP 30 — e faz bem —, mas não escuta o chorinho do bebê agredido até a morte?”